23 de julho de 2012

Regressão

Nascemos puros e inteligentes
Necessitamos apenas, de leite e afeto
Rimos de qualquer coisa
As cores, os sons, os sabores
Tudo parece novo

A vida não tem dissabores

Ao passo que crescemos
As necessidades aumentam
Aprendemos a caminhar, correr,
Falar, pedir, reclamar...
O essencial já não satisfaz
Somos convencidos a ter mais

O mercado determina o que estudamos
Nos desenvolvemos de forma dependente
Nos julgamos autossuficientes
E aos poucos, nos curvamos

A sensibilidade e a criatividade ficaram para trás
A liberdade, aos poucos se esvai


Nos tornamos escravos da ganância
Trabalhamos de sol a sol
Como se pudéssemos comprar
O tempo, as estrelas e a lua

Nos esquecemos de abrir
Os olhos e as janelas
E enxergar a vida na rua.

Um comentário:

Lucas Bronzatto disse...

Salve Jayme, bem legal este poema!
Me remeteu a duas coisas, que compartilho aqui:
Pelo conteúdo, uma música da Karina Buhr chamada cadáver: http://www.youtube.com/watch?v=GfXUVBSNUHI
E pela estrutura do poema, um outro do Benedetti, chamado curriculum:
http://www.poemas-del-alma.com/curriculum.htm
Parabéns pelo poema!
Abraços