20 de maio de 2012

2 de maio de 2012

O Porto do Açu

O que é o desenvolvimento para o governo do Rio de Janeiro e o grupo LLX de Eike Batista


Porto do Açu


A instalação do Porto do Açu, no norte do Rio de Janeiro, para alguns pode parecer importante, visando o desenvolvimento regional, a geração de riqueza, de empregos, modernização portuária, ainda mais, se acompanhada de um complexo industrial moderno, com grandes investimentos do grupo LLX.

O porto está sendo construído em uma zona rural, e poderia trazer benefícios para os moradores da região. Mas, (infelizmente sempre tem um mas), aquelas pessoas não serão beneficiadas com tal porto. Os terrenos poderiam se valorizar, as pessoas poderiam comercializar seus produtos com maior facilidade, já que a movimentação deve aumentar na região, mas, a oportunidade desperta o interesse de grandes corporações, e através do capital, pessoas poderosas como Eike Batista, se tornam cada vez mais poderosas. No Brasil o dinheiro é capaz de corromper as frágeis instituições e os direitos constitucionais dos trabalhadores são suprimidos, para que se atenda o interesse e a ganância de bilionários.

Agora vejamos a face “democrática” do capitalismo. Esse sistema, que se fundamenta no capital, e não nos seres humanos, não teria o seu princípio básico no respeito a propriedade privada?

Ora, se querem construir um complexo industrial, onde vivem 1500 familias de pequenos agricultores e pescadores, e as mesmas são proprietárias das terras desejadas por Eike Batista, e em nenhum momento as colocaram a venda, por favor, me respondam, como a tal justiça brasileira, pode determinar que as terras (produtivas para o sustento de seus moradores), sejam desapropriadas. Será o início do fim do capitalismo, e do respeito a propriedade privada, ou será somente o avanço perverso da lógica capitalista, que corrompe as instituições e desrespeita até mesmo os seus próprios princípios? (se é que existe princípio em tal sistema)

Mas, veja bem, esse complexo industrial pode gerar empregos, para as pessoas que vivem na região. Será? Mesmo que gere empregos ou sub empregos, as pessoas seriam felizes, tendo que se adaptar depois de toda uma vida trabalhando com a terra? A felicidade e o bem estar, não deveriam servir de indicadores ao progresso e ao desenvolvimento social? As pessoas não deveriam ter o direito de escolha? Me parece que não. O crescimento econômico desigual e concentrado parece perpetuar nessa terra.

Segundo Ana Maria Costa em entrevista a Adital, “como a repressão, a violência e a incerteza têm sido a forma utilizada pelo do governador do estado, Sérgio Cabral, pela prefeita de São João da Barra, Carla Machado e pelo Grupo do Eike Batista para tomarem as terras dos agricultores e expulsá-los, as condições de vida destas familias estão totalmente alteradas e o processo de desapropriação é o monstro que ronda e tenta desestabilizar a vida pacata, honesta e de trabalho que sempre tiveram... até agora foram construídas somente 34 casas, com uma pequena área no entorno, de apenas dois hectáres. Além do acordo feito com as familias no processo de reassentamento, em que a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro – Codin e a LLX comprometeram-se em dar toda a infraestrutura para a produção agrícola – o que não ocorreu ainda-, os reassentados foram orientados a não iniciar a produção, em especial a de culturas permanentes como árvores frutíferas, em função da empresa ainda não ter a propriedade dessa área. Essas terras pertenciam ao grupo OTHON/Usina Barcelos e se encontram em litigio, pois existem dividas trabalhistas com seus empregados. Considerando-se a hipótese de que todas as familias aceitem ser transferidas, primeiramente não haveria casas e terras para todas e, em segundo lugar, elas poderiam ser novamente expulsas a qualquer momento”.

Vejam o absurdo e as contradições disso tudo. Pouco tempo atrás, fomos testemunhas de uma reintegração de posse violenta ocorrida no bairro do Pinheirinho em São José dos Campos, onde 1600 familias foram expulsas de suas casas para beneficiar o já conhecido Naji Nahas, proprietário da falída Selecta, especulador que devia milhões para a prefeitura, o estado e a união. Mesmo assim, o sujeito foi capaz de colocar nas ruas quase seis mil trabalhadores. Sob a defesa da propriedade privada, a grande mídia apoiou a atitude covarde do governador de São Paulo, do prefeito de São José dos Campos e de juízes que preferem não se atentar a justiça. Porém, até o momento, não vi essa mesma mídia, dar destaque as desapropriações injustas que estão ocorrendo no Porto do Açu.

 Estou cada vez mais confuso com tudo isso. Podem desapropriar as terras de trabalhadores honestos, agricultores, pescadores e artesãos, mas não podiam desapropriar o terreno de Naji Nahas, que abrigava quase seis mil trabalhadores no Pinheirinho.

Afinal, o que é o desenvolvimento?

Mais terras para os especuladores, e cacetete, bombas e balas de borracha para os trabalhadores?

Fica cada vez mais nítida a idéia de Ordem na periferia (a base da porrada) e Progresso para a burguesia (com as instituições públicas a serviço dos interesses privados).

Assistam o vídeo denúncia, sobre as desapropriações no Porto do Açu:
http://www.youtube.com/watch?v=RA9h2AKGlSc
Enviado por em 13/07/2011

Referência:

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=65738